Tentava sentir baixinho, mas o amor fala alto, mesmo quando silencia. - Ana Jácomo
sexta-feira, 4 de maio de 2012
(...) A questão era simples, para continuar ao seu lado, eu teria que desistir de mim, da minha liberdade, da minha visão desestressada da vida. E era o que estava muito proximo de ocorrer. Eu, uma adulta graduada, passei a agir como criança. Passei a me desprezar. Estava me tornando uma mulher medíocre, que perdia tempo dando explicações estapafúrdias sobre coisa nenhuma. Quando você chegava aqui em casa sorridente, com uma garrafa de vinho na mão e fazendo planos para o final de semana que passaríamos juntos, eu pisava em ovos para que este final de semana não terminasse dali a três horas por causa de um mal-entendido ou de uma frase que não caisse bem aos teus ouvidos. As vezes sobrevivíamos de sexta a domingo sem atravessar a fronteira de risco, mantendo-nos dentro de um cordão de isolamento imaginário – os limites que traçávamos para nosso equilibrio conjugal. Eu não olhava para os lados e você não tirava os olhos de mim, e assim ficávamos seguros, ao menos em tese, porque de santo você não tinha nada, sempre foi mulherengo. Mas me adorava, me amava, nossa, como me amava.
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